Esta tela foi inspirada na casa de minha infância. No fundo da memória ficou a lembrança de um velho e imenso casarão de madeira, com tábuas irregulares e muitas frestas, por onde entrava a luz e o medo. A tinta gasta das paredes multiplicava-se em diversos azuis, tudo muito alto: janelas, portas, telhado.
"Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me parece solto. Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os dedos. É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos, e tem a macieza quente do lodo vivo. É um rio."